Atualização da NR-1 inclui saúde mental e gestão de riscos psicossociais no ambiente de trabalho
- assessoria02
- 14 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: há 2 horas

A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que estabelece as diretrizes gerais sobre segurança e saúde no trabalho, passaria por uma mudança significativa a partir de 26 de maio de 2025, com a inclusão da gestão de riscos psicossociais — como estresse, assédio moral e sexual, e sobrecarga de trabalho — no escopo do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO).
No entanto, a atualização da NR-1 sobre riscos psicossociais e o início da obrigatoriedade das medidas para proteção da saúde mental no ambiente de trabalho foram prorrogados por mais um período, entrando em vigor apenas em 2026.
O adiamento ocorreu após forte manifestação de entidades empresariais e da indústria, que pediram mais tempo para adaptação. Com isso, o governo decidiu conceder um prazo maior para capacitação, educação e adequação das empresas em relação às novidades da NR-1.
Em entrevista ao site da AEI, Renata Pedreira, engenheira da Cetimper e responsável pela coordenação do Manual de Segurança em Serviços de Impermeabilização da associação, destaca que a mudança tem como objetivo garantir um ambiente de trabalho mais seguro e também mais humano para os profissionais.
Para ela, essa atualização representa um marco na legislação trabalhista brasileira ao reconhecer oficialmente os impactos da saúde mental no ambiente laboral. A inclusão dos riscos psicossociais no GRO exige que as empresas adotem uma abordagem mais ampla e preventiva em relação à saúde de seus trabalhadores.
“A adequação da NR-1 é importante porque introduz a gestão de riscos psicossociais, que afetam diretamente a saúde mental das pessoas. Isso contribui para reduzir acidentes e doenças ocupacionais, além de promover maior produtividade e menor rotatividade de funcionários”, afirma.
Segundo ela, mesmo com o prazo maior para adequação, é fundamental que as empresas não adiem suas ações para 2026 e comecem a investir o quanto antes em iniciativas voltadas para políticas de prevenção, capacitação de líderes, promoção de ações voltadas à saúde mental, revisão da carga horária e, principalmente, na realização de um diagnóstico sobre os principais fatores de risco.
O que muda com a nova NR-1?
A partir da vigência da norma, em 2026, empresas de todos os portes e setores precisarão identificar e avaliar riscos psicossociais no ambiente de trabalho, incorporando essas informações ao seu Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Com base nessa análise, será necessário implementar medidas preventivas e corretivas, como: programas de treinamento e capacitação para todos os níveis hierárquicos; melhorias nas condições de trabalho; ações de conscientização sobre saúde mental; além de monitoramento contínuo e avaliações periódicas dos riscos identificados.
Renata alerta que, embora a norma entre em vigor somente em 2026, ela recomenda que o processo de adaptação já seja incluído na rotina das organizações:
“É fundamental identificar as áreas críticas que precisam de atenção imediata, incluir os riscos psicossociais no PGR com ações claras, e manter registros detalhados de todas as etapas, desde as avaliações até os treinamentos realizados”.
De acordo com dados do Ministério da Previdência Social, em 2024, o Brasil teve o maior número de afastamentos por transtornos mentais em 10 anos. Foram 472 mil licenças concedidas, um aumento de aproximadamente 67% em relação ao ano anterior. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 15% dos adultos em idade produtiva apresentem algum transtorno de saúde mental, o que também pode afetar diretamente a produtividade e o afastamento das atividades.
Na visão da especialista, a atualização da NR-1 demonstra uma tendência mundial de valorização da saúde mental no trabalho, especialmente após os impactos da pandemia de COVID-19, que evidenciaram os desafios psicológicos enfrentados por profissionais em diferentes setores, incluindo a construção civil.
“A negligência desses riscos pode levar ao desenvolvimento de condições como burnout, ansiedade, depressão e outros transtornos ligados ao ambiente de trabalho. Esse é o momento de colocar a responsabilidade social e a segurança das empresas como prioridade, muito além do simples cumprimento de prazos legais. O objetivo maior deve ser, sem dúvidas, minimizar os riscos”, destaca.
Com a nova abordagem da NR-1, o Ministério do Trabalho e Emprego pretende incentivar práticas corporativas mais responsáveis e sustentáveis. A expectativa é que, ao integrar o cuidado com o bem-estar emocional dos trabalhadores à gestão de segurança, os ambientes de trabalho se tornem mais saudáveis, produtivos e respeitosos.
Comments