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Entrevista com Bruna Siciliano: a impermeabilização no centro da agenda sustentável da construção civil

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A engenheira civil Bruna Siciliano, especialista em construções sustentáveis, CEO da Siciliano Engenharia e membro do Instituto AYA, tem se destacado como uma das principais vozes do setor da construção civil nas pautas climáticas no Brasil. 


Representando a empresa em diversos projetos de sustentabilidade, ela participa ativamente de eventos e articulações nacionais e internacionais e se prepara para a COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025), que será realizada em Belém do Pará, em novembro deste ano.


Nesta entrevista exclusiva à Associação de Engenharia de Impermeabilização (AEI), Bruna compartilha sua trajetória como associada, os aprendizados da jornada sustentável e as oportunidades para o setor. Ela também comenta como a impermeabilização pode, e deve, ser protagonista na construção de um futuro mais resiliente para as cidades.


1. Sua trajetória profissional conecta engenharia, impermeabilização e sustentabilidade, consolidando você como uma das principais vozes do tema no Brasil. Que aprendizados dessa caminhada considera mais relevantes para inspirar outros profissionais do setor diante dos atuais desafios climáticos?


A minha trajetória dentro da engenharia civil, com um recorte especial para a impermeabilização, ganhou um novo rumo quando comecei a participar do Pacto Global da ONU e de espaços de debate sobre sustentabilidade. Foi ali que percebi algo que me incomodou profundamente: a construção civil ainda não tem voz nesses fóruns. As lideranças sustentáveis costumam vir de setores como agro, da mineração, da energia, mas a nossa indústria — que impacta diretamente o território urbano — ainda está à margem.


Isso me motivou a estudar, me capacitar e desenvolver projetos para que a construção civil pudesse sentar à mesa com essas outras indústrias e se fazer ouvir. Há três anos, comecei a incubar iniciativas com esse foco. Acredito que a construção civil está atrasada nessa transição, mas não por falta de capacidade, e sim, por falta de protagonismo.


Com as mudanças que vêm por aí, como a reforma tributária verde e o plano ecológico, o setor será diretamente impactado. E quem sair na frente será quem entender esse novo contexto, tiver criatividade para inovar e conseguir conectar a engenharia tradicional com as demandas do desenvolvimento sustentável. O Brasil tem uma matriz energética limpa, é líder em biodiversidade e bioeconomia. Por que não ser também referência em construção sustentável?


Essa é a missão que carrego: dar voz ao nosso setor, gerar oportunidades e mostrar que podemos (e devemos) liderar essa transição.


2. A impermeabilização é frequentemente lembrada pelo seu papel técnico, mas hoje é reconhecida também como parte essencial da sustentabilidade e da durabilidade das edificações. Como você avalia essa contribuição do nosso setor para a construção de cidades mais resilientes e sustentáveis?


A impermeabilização, sem dúvida, é uma das principais chaves para a construção civil se inserir na transição verde. Trata-se de uma disciplina que percorre toda a cadeia: da fabricação de insumos químicos à aplicação em obra, e principalmente ao pós-obra, garantindo durabilidade e reduzindo a necessidade de manutenção.


Se queremos cidades sustentáveis e resilientes, precisamos pensar em edificações que durem mais, que sejam saudáveis e que não demandem altos custos operacionais e ambientais ao longo do tempo. A estanqueidade está diretamente relacionada à vida útil da construção, seja ela residencial, comercial ou pública.


Na Europa, por exemplo, já não se concebe mais construir sem impermeabilização adequada. E esse pensamento precisa se fortalecer no Brasil. Se queremos emitir menos CO₂, reduzir perdas materiais e construir de forma mais inteligente, a impermeabilização é indispensável.


3. Durante a Rio Climate Action Week, realizada em em agosto, você esteve no painel “Transição Urbana e Cidades Sustentáveis”, ao lado de outra associada da AEI, a Viapol. Qual a importância dessa participação conjunta para reforçar o protagonismo da impermeabilização na agenda sustentável da construção civil?


A Rio Climate Action Week foi um marco importante neste ano, especialmente por ser uma extensão da Climate Week de Nova York e por preparar o terreno para a COP 30 no Brasil. Tive a honra de participar das edições de São Paulo e Rio, sendo que no Rio estivemos em um painel estratégico sobre cidades sustentáveis, ao lado de empresas como iFood, Adde e, claro, a Viapol, outra associada da AEI.


Ali, conseguimos mostrar que a construção civil, e mais especificamente a impermeabilização, tem muito a contribuir com soluções baseadas na natureza, criatividade e inovação para a transição verde. Foi um momento poderoso de visibilidade para o setor, mas, mais que isso, conseguimos destravar conversas sobre investimentos, projetos e parcerias.


Inclusive, a Siciliano Engenharia está incubando um projeto com látex natural, que será apresentado na COP 30 como uma proposta de inovação verde na nossa área. Mostrar que a impermeabilização pode ser ponto de partida para soluções sustentáveis é algo transformador. E foi isso que conseguimos reforçar juntos nesse painel.


4. O painel na Rio Climate Action Week também foi uma preparação importante para a COP 30, em Belém. Quais expectativas você leva para a conferência e como acredita que empresas como Siciliano e Viapol, junto à AEI, podem contribuir para essa pauta global?


Minha preparação para a COP 30 começou há três anos. Posicionar a Siciliano Engenharia dentro dessa agenda foi uma jornada longa e desafiadora. No começo, muitos colegas duvidaram, acharam que era uma aposta arriscada. Mas fui persistente, mesmo quando parecia um caminho solitário. Hoje, temos um lugar sólido dentro da conferência e representamos com orgulho o setor da impermeabilização.


Estabelecemos relações institucionais importantes com a prefeitura de Belém, o governo do Pará, Sebrae e outras entidades. Teremos um painel de 40 minutos na Casa Brasil, além de articulações com curadorias internacionais e com a SP Indústria, levando propostas concretas para financiamento de projetos ligados à impermeabilização sustentável.


O objetivo é claro: destravar investimentos — públicos e privados — que fortaleçam nossa categoria. Isso significa apoiar pesquisas, valorizar as fábricas e os profissionais de aplicação, e garantir que o mercado respeite não apenas o preço, mas o valor do nosso trabalho. Queremos sair do modelo de concorrência por leilão e entrar em uma nova lógica de reconhecimento e impacto positivo.


5. Com a aproximação da COP 30, quais desdobramentos você acredita que podemos trazer para a impermeabilização e como a AEI pode reforçar ainda mais sua atuação em iniciativas sustentáveis?


Estamos a pouco mais de um mês da COP 30, e esse é o momento de unir forças. Precisamos fazer uma grande ciranda dentro da nossa categoria, dar as mãos, trocar ideias, tirar projetos do papel e colocar o ser humano no centro das discussões.


Vejo a AEI como um elo fundamental para que isso aconteça. A associação pode liderar essa pauta, especialmente no Rio de Janeiro, que tem potencial enorme para abrigar discussões, eventos e projetos ligados à sustentabilidade na construção civil. A cidade conta com liderança política sensível ao tema e mecanismos de financiamento verde que podem ser acessados se houver articulação estratégica.


Por isso, deixo aqui um convite formal para que a AEI participe conosco dos espaços de ativação em Belém, durante a COP 30. Será uma oportunidade histórica para mostrar ao mundo que a impermeabilização pode ser protagonista na agenda de desenvolvimento sustentável.


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